Os brasileiros apreciadores de futebol, que não são poucos, conhecem ou deveriam conhecer essa história. Consta que em 1969, o Santos de Pelé excursionava pela África quando recebeu um convite para jogar um amistoso na Nigéria, em plena guerra civil naquele país. E que mais do que isso, ambas as partes pararam a guerra para assistir o jogo, retomando a guerra após o fim do mesmo. Ou seja, teriam dado uma pausa na guerra pelo futebol do Santos e, principalmente, para ver Pelé jogar. A torcida do Santos até hoje se vangloria desse feito, cantando “O meu Santos é sensacional. Só o Santos parou a guerra. Com Rei Pelé Bi Mundial, o maior time da Terra”. Se a história se deu exatamente assim, não sabemos nem nunca saberemos. Mas que tal se inspirar nela?
Eu já escutei muito uma tese, e acreditei nela, de que só mesmo um inimigo comum poderia ser o catalisador para unir toda a humanidade. Alguém como um vilão do Batman ou Homem Aranha ameaçando o mundo. Que quando isso ocorresse, a humanidade passaria por cima de todas as suas diferenças e se uniria na luta contra esse inimigo. Porém não é o que temos visto.
Mais de 50 anos depois do feito futebolístico, ainda estamos batendo cabeça e nos mostrando incapazes de parar nossas guerras para combater uma pandemia unidos e, se for o caso, fazer o que, continuar a peleja após superar o vírus que vem ceifando muitas vidas pelo mundo afora.
Quando mais precisamos de união de forças, nos desgastamos nas discussões “fica em casa” x “reabre tudo” e outras derivadas disso. Parece que o mais importante é ter um motivo para o eterno embate. Que tal parar com a discussão infrutífera? E que tal um pouco de empatia, de tentar entender o outro antes de ofende-lo?
Nem todo aquele que quer reabrir seu comércio é um genocida que só pensa em lucrar e lucrar, do mesmo jeito que é ridículo acusar quem está em casa cumprindo isolamento social de vagabundo que só quer mamata do governo. Provavelmente existem exemplos nessas duas pontas, mas certamente são a extrema minoria.
Falando de Brasil, estamos mal coordenados. Peço perdão a quem é fã incondicional do Presidente Jair Bolsonaro, mas sendo o mandatário do Poder Executivo, ele seria o responsável por ser o grande maestro do país nesse momento. Seria hora de pausar suas guerras políticas, chamar os Governadores dos Estados para conversar e orientá-los a fazer o mesmo com seus Prefeitos. Somos mais de 5000 municípios, com boa coordenação se chegaria a soluções caso a caso e um ajudar o outro onde possível, havendo boa coordenação.
Seria hora de pausar guerras contra os outros Poderes da Nação, e não incentivá-las. Seria hora de executar um belo plano junto com seus Ministérios, principalmente Saúde, Agricultura, Cidadania, Ciência e Tecnologia, Defesa, Economia, Educação e Infraestrutura para passarmos por essa crise com olho no futuro, mas não é o que temos visto.
Peço encarecidamente ao Presidente, que é tão fã de futebol, que repita a história do Santos que parou a guerra, ainda há tempo de fazer o que deve ser feito. Pare com suas guerras contra inimigos imaginários ou não. Não é hora disso!
Vamos à luta!