terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Os "nêgos" do Borel


Outro dia passando pelas ruas do Rio de Janeiro me deparei com um daqueles "busdoor" anunciando show e gravação do DVD do entretenedor Nego do Borel. Achei aquilo bem simbólico, uma boa foto com ele "rugindo" feito um leão. Vendo que o local do show seria a Barra da Tijuca, bairro de alta classe do Rio de Janeiro, não pude deixar de fazer minha interpretação. Era o morro ganhando o asfalto.

A Barra da Tijuca se rendendo ao "talento" de um representante do morro do Borel, que venceu, a despeito da origem humilde. Tudo muito bonito, não fosse exatamente o estilo e o repertório pífio dele. E os convidados então para tocar junto no futuro DVD? É de chorar! Não temos nada pessoal contra o entretenedor, ele está mais do que certo em aproveitar a oportunidade que o sistema lhe deu. O ruim são só suas músicas mesmo.

O "dedo podre" do mercado cada vez se supera na escolha dos seus ungidos. O objetivo era alavancar um representante do morro para o estrelato? Ótimo, as pessoas gostam dessas histórias. Então por que não buscar algum artista talentoso no morro do Borel ou em alguma outra comunidade?

O sistema às vezes acerta. Como fez com Bob Marley. Escolheu o artista para ser "o cara" do reggae no mundo. Mas ele mereceu, embora não se negue que existem muitos outros contemporâneos dele na Jamaica tão bons quanto, mas que ficaram apenas como artistas locais, ou nem isso.

Tenho certeza que existem muitos outros nêgos do Borel (mas com talento), que poderiam ser ungidos pelo sistema, mas passam e passarão a vida sendo ignorados e vendendo o almoço para comprar a janta.

Vai entender os critérios dessa entidade, o mercado...